Silêncio de Outono

Sabemos que muitos pássaros costumam voar em bando. Assim parecem maiores e mais fortes, poupam energia e aumentam suas chances de sobreviver. Outros, ao contrário, voam sozinhos.

O pássaro que perpassa as páginas da obra Silêncio de Outono voa só. Vai seguindo palavra por palavra, folha por folha, poema por poema, passeando pelo livro como quem passeia pelo infinito.

Podem, os distraídos e desavisados, considerar esse pássaro um solitário perdido em sua solidão, um expatriado, um insurgente banido do bando. Porém, se existem multidões repletas de solitários, também existem solitários repletos de multidões. Nem todos que voam sozinhos voam sós.

Roberto Macena, autor dessa obra, é uma multidão. Não tem pretensão de parecer maior e mais forte; não poupa energia e carrega em suas asas palavras, gentes, textos, cores, vidas e traços. Sempre que levanta voo, leva o mundo todo junto, transformando pedra, papel, tecido e cicatriz em arte. Roberto acredita que nós merecemos mais do que apenas sobreviver.

Um pássaro assim não voa só, mesmo quando voa só, porque contém em si o bando inteiro.

Nos 25 poemas que reuniu em seu quarto livro, Roberto Macena voa sem alarde pra dentro, pro fundo, pra longe e pra perto, revisitando os céus pelos quais já passou e resgatando em si e em nós os muitos que já fomos, que ainda somos e que haveremos de ser.

Sua poesia nasce no ontem, no anteontem, no amanhã e neste exato instante.